sábado, 10 de junho de 2017

45º dia - Destino Antígua de Guatemala

Dia 09 de junho de 2017.

Tem uma coisa que eu queria comentar já fazem alguns dias mas sempre esqueço, mas hoje não tem como deixar passar. É sobre cones.



No Brasil, se você está trafegando em uma rodovia e avista um ou mais cones você logo pensa: estou chegando em um posto da Polícia Rodoviária Federal (ou Estadual) ou existe um trecho em obras e aqueles cones que estou avistando servem para sinalizar isso. Certo??

Aqui na América Central, principalmente em Honduras, El Salvador e agora na Guatemala, nas estradas por onde passei diga-se de passagem, o cone tem essa função também, mas tem muitas outras que eu pude observar, as quais são:

Uma senhora resolve vender mangas em uma choça na beira da estrada (e como tem senhoras vendendo manga em choças na beira das estradas que eu passei por aqui). O que ela faz para incrementar as vendas? Põe um cone entre as duas pistas ou na lateral da pista, para chamar a atenção dos motoristas. Simples não é mesmo?

Um cidadão está vendendo bananas, também em uma choça na beira da estrada (tem bastante disso por aqui também). O que ele faz para chamar a atenção dos motoristas e incrementar as vendas? Se você pensou em colocar um cone entre as pistas ou na lateral da estrada: BINGO! Acertou em cheio.

O cara que botou uma birosca à margem da rodovia não tem dúvida: toma-lhe cone.

O povo daqui é tão fissurado em botar cone na rodovia que eu já vi cone mas não vi choça de vender manga, nem de banana, nem birosca e muito menos posto policial nas imediações do cone.

Então cheguei a seguinte conclusão: tem gente que coloca o cone na pista já por esporte, ou por um outro motivo que até agora eu desconheço. Quem sabe o sujeito acordou de manhã e constatou que a hemorroida dele está "saltada". O que ele faz?  Corre lá fora e coloca um cone no meio da estrada. Só pode ser isso!

Eita povo que gosta de botar cone nas estradas!!

Hoje eu saí de Isla de Flores e pretendia fazer o percurso até a cidade de Antígua em duas etapas, pois são, aproximadamente, 500 km de distância e, aqui, sem conhecer a estrada, é melhor estabelecer uma meta modesta e cumprir do que querer fazer uma quilometragem maior e ficar se expondo desnecessariamente á  riscos, só para cumprir uma meta superestimada.

Mas como eu saí cedo e a viagem foi fluindo bem, em função das boas condições da estrada e do volume de tráfego reduzido, já fui pensando na possibilidade de fazer todo o percurso em uma etapa só.

Parei em Rio Dulce, cidade que eu havia pernoitado no primeiro dia aqui na Guatemala,  só para tomar um energético (estava com muito sono) e segui viagem.

Um pouco depois de passar pela cidade de Rio Hondo, na ruta CA9, em uma reta, eu resolvi fazer uma ultrapassagem tripla: uma caminhonete de um jornal (estava escrito Prensa na carroceria) e mais duas motos pequenas.

Pois bem, reduzi uma marcha, enrolei o cabo, mordi a língua e abri para ultrapassar os três de uma só vez. Quando estava concluindo a ultrapassagem o que vejo na pista, logo a minha frente?

CONES!!!!

"Carai, tomara que estes cones sejam de alguém vendendo manga ou de um cidadão que acordou com a hemorroida saltada" pensei na hora.

Não era nenhum desses casos, era polícia rodoviária mesmo.

Como se fosse em câmara lenta, eu vejo, na sequência, um policial meio gordinho arregalar os olhos, botar um apito na boca, encher os pulmões de ar, estufar as bochechas e, ao mesmo tempo que sopra aquele apito estridente aponta o dedo.....para um dos caras de moto que eu tinha acabado de ultrapassar, mandando-o parar.

Vixí Maria, essa passou perto! Abri o gás e vazei, rindo dentro do capacete.

O GPS calculava que eu poderia chegar em Antígua, se mantivesse aquele ritmo de pilotagem, às 15:00h. Para mim estava ótimo. O tempo estava bom, não estava fazendo nenhuma imprudência, então resolvi cumprir todo o percurso hoje.

O único problema foi um trecho em obras, uns 70 km antes de chegar na capital (Guatemala City). Ali o bicho pegou. Tudo parado e para piorar, caiu um temporal (com direito à raios e trovoadas), daqueles de alagar a pista, no caso uma pista em obras,
Eu, normalmente, já não gosto de trafegar por acostamentos e nem por frestas. Prefiro ocupar o lugar de um carro e tirar o atraso quando o trânsito fluir, principalmente com a moto carregada.
Mas a boca estava tão entaipada que fui obrigado a quebrar minhas regras. Fui indo, ora pela contramão quando dava para ir, ora pelo acostamento até que consegui chegar na ponta do engarrafamento e seguir normalmente, mas esse entrevero todo me custou, no mínimo, 1 hora.

Cheguei, debaixo de chuva, na cidade de Antígua cerca de 17:00h, pois ainda tive que atravessar a capital, Guatemala City, com um trânsito denso, característico de qualquer grande cidade.

Como já tinha um hotel previamente programado no GPS, foi fácil chegar até ele. O único problema na chegada foi, além da chuva, o piso das ruas do centro histórico da cidade.
Antígua é uma cidade que tenta preservar suas características e uma delas são as ruas estreitas e o piso, feito de pedrinhas extremamente escorregadias com chuva.

Mas tudo correu bem, acabei não me hospedando no hotel que eu tinha marcado no GPS, pois eles não tinham estacionamento ou um lugar seguro para guardar a moto, consegui então vaga em um hostel, que mesmo não tendo garagem, deixaram que eu colocasse a moto dentro da recepção do mesmo - tá valendo!

Outra coisa que merece ser comentado: está fazendo frio aqui em Antígua. Chegou a marcar 15ºC no termômetro da moto quando eu estava chegando na cidade. Não achei que fosse encarar uma temperatura dessas aqui na América Central, tanto é que minhas roupas de frio estão todas no fundo da bolsa.

Hoje, como não fiz turismo, não tem fotos, a não ser a da moto na recepção do hostel.

Percorri hoje 520 km.
Coordenadas do hostel: N14° 33.635' W90° 44.217'

Clique nas imagens para ampliar.





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