sábado, 15 de julho de 2017

70º dia - Prudhoe Bay - a estrutura do hotel.

Dia 05 de julho de 2017.

Resolvi dividir a postagem desse dia em duas partes. Nessa primeira quero falar um pouco sobre a estrutura do Prudhoe Bay Hotel onde, creio que, a maioria dos motociclistas que fazem essa aventura se hospedam, e tão pouco falam sobre o local.
A segunda postagem sobre será sobre o nosso dia aqui e a decisão sobre a volta.


Para acessar as instalações do hotel você passa por uma espécie de ante-câmara onde deve tirar os calçados com os quais veio da rua ou colocar um protetor plástico nos sapatos (descartáveis) que ficam em uma caixa de papelão nessa ante-câmara.

As acomodações aqui são bem simples  e eu fiquei em um quarto pequeno, dividido com o Carlo (belga) e o preço por pessoa foi de USD 130,00. O banheiro fica no corredor, nas alas, que aqui são denominadas "wing" (asa). As janelas dos quartos são tapadas com um grosso plástico preto, coladas com fita "silver tape" para impedir a entrada da luz do sol que aqui, nessa época do ano, nunca se põe.
Como essa estrutura é destinada aos trabalhadores da indústria petrolífera, que trabalham em turno de revezamento de 12 horas, esse "escurecimento" do quarto se faz necessário.

É um quarto simples, com duas camas.

Vejam no detalhe da janela tapada com um plástico preto.

Dentro do quarto que ficamos tem uma placa escrita "Day sleeper" para ser colocada do lado de fora do quarto, a qual indica que aquele "hóspede"  trabalhou à noite e não deve ser incomodado, ou seja, não se deve fazer barulho nas "wings" do hotel/alojamento e nem a camareira deve acessar aquele quarto, enquanto a placa estiver do lado de fora.


Wings

O preço da diária (USD 130,00 p/p) inclui todas as refeições, em um restaurante/refeitório que fica aberto 24 horas. Qualquer hora do dia ou da noite você pode ir lá e comer o que tiver vontade.

Tem também várias lavanderias, creio que uma em cada "wing", com sabão, lava-roupas e secadora, também sem custo algum para os hóspedes.


Eu usei para lavar duas "bateladas" de roupas - estava precisando.

O café da manhã, almoço e janta tem horários pré-definidos e a comida é muito boa com uma variedade enorme de pratos.

Na entrada do refeitório tinha essa bandeira americana. Eu batia continência para ela toda vez que entrava no refeitório, nunca se sabe né????

Fora do horário "oficial" das três refeições, pode vir no refeitório e comer o que estiver disponível, a qualquer hora do dia ou da noite.
Salgadinhos.....

Frutas, iogurtes, sanduíches, pratos congelados para esquentar no microondas....



Cookies e donuts.

Bolos e pudins.

Refrigerantes, chás, café (sempre fresquinho), cereais, leite, tudo à vontade.

Comecei a ter uma ideia da importância que as reservas petrolíferas desse local tem para os Estados Unidos quando um de nós foi perguntar a respeito de um tour que existe para visitar o Oceano Ártico, no qual não se pode ir sozinho, tem que ser acompanhado.

Esse tour custa, se não me engano, sessenta e poucos dólares e é preciso fornecer os dados dos interessados com 24 horas de antecedência, por questões de segurança. Foi aí que comecei a juntar as peças e compreendi que esse fim de mundo está sob os olhos atentos e, quase, invisíveis de todas as agências de segurança norte-americanas, devido à importância estratégica que esse volume de petróleo aqui produzido representa.

Não é a toa que existe aquela Base Área (Eielson Ai Force Base) entupida de aviões de guerra nas cercanias de Fairbanks, que relatei na postagem do 68º dia.

Os trabalhadores daqui são muito bem remunerados. Ontem, enquanto aguardávamos na estrada a nossa vez de passar em um trecho em obras, o trabalhador que controlava o tráfego, com aquela placa de "Stop" ficou conversando com a gente. Ele é porto-riquenho e trabalha 14 x 14 ali em Produhe  Bay (como todos os demais trabalhadores).

Ele disse que ganha cerca de USD 10.000,00 ao mês e faz isso durante 3 meses ao ano. No caso dele, existe um adicional de insalubridade em função de que o material daquele rípio que eles estão sempre repondo (e molhando para minimizar a poeira), e ao qual ele fica exposto durante as 12 horas do turno dele é extremamente prejudicial à saúde, cancerígeno.



Falando com a senhora da recepção do turno do dia no hotel/alojamento, perguntei se ela gostava de morar ali, naquela localidade.

Ela me olhou com uma cara de "Como assim cara-pálida?"

Me disse que morava em Idaho, e que ninguém morava ali. Todas as pessoas que ali estavam trabalhavam duas semanas e iam embora para suas casas, em diversos pontos dos EUA.

"Aqui é uma área de segurança nacional, ninguém pode morar aqui" completou ela.

Só os ursos, pensei eu.

Na recepção do hotel tem uma foto advertindo quanto à presença de ursos em toda a área de Produhe Bay.

"Is this a joke?" perguntei.

"No, absolutely, it's serious¹"


Tem também uma agência de viagem, caixa eletrônico (ATM), uma cantina com produtos à venda (creio que bebidas alcoólicas).

Em frente ao hotel fica o aeroporto - dá para ir a pé.





8 comentários:

  1. Muito bom saber. Canan.

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    1. Que bom. Quando tu vieres para cá já vai ter um monte de informações.
      Abração.

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  2. A visão do Boeing te salvou da volta!

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  3. Não deu vontade de encarar um turno de 14X14??? Hehehe
    Tem até fotos dos ursos... Te cuida!!!!

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    1. Por 10.000 USD eu ficava aqui só pra escovar o pêlo dos ursos.......Kkkkkkkk

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  4. Nossa, são bem organizados, preparados pra tudo.PRIMEIRO MUNDO É ISSO , É ASSIM. Quem me dera viver no 1º Mundo. Quanta informação legal você passou; quando eu crescer vou seguir pro Alaska. E ver tudo isso ao vivo e a cores. Muito legal tudo que foi comentado, fotos e vídeos. Estou adorando tudo; pena que está acabando. beijão primo.

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    1. Legal né??
      Ainda tem bastante coisas pra relatar da viagem de volta.
      Aguarde.
      Bjs

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